Mesclando Versos e Palavras

14 de março: Dia da Poesia

Poesia é uma forma de se expressar e transmitir sentimentos, emoções e pensamentos.
Antigamente, as poesias eram cantadas, acompanhadas pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isso, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico.
Dia 14 de março é considerado o Dia Nacional da Poesia, pois foi nesta data que nasceu o grande poeta brasileiro Castro Alves.

Ao ser solicitada para escrever um texto relacionado ao Dia da Poesia para o Momento Cívico de minha escola, aceitei o desafio de mesclar versos às minhas palavras, montando um texto original. 

Gostei do resultado e vim aqui compartilhar!

Eis o texto!

Mesclando Versos e Palavras

Ler poesia é encontrar-se em meio às palavras, é se deparar-se com um verso e ter a sensação de ele que foi escrito para você.

Poemas são compreendidos por aqueles que sabem olhar além das palavras. Eles foram feitos para serem apreciados, “não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.”

Quando escolhemos um poema para leitura, ele nos permite sentir durante aquele tempo em que nos entregamos aos versos e, tão cedo, ensina-nos o sabor da despedida, “De repente, não mais que de repente.

O poema nos faz pensar no presente, na passagem rápida da vida e em nossa incapacidade de fazer o tempo parar. Por isso, temos que ter uma certeza de que “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

É fato que nossos melhores momentos escaparão por entre nossos dedos, mas ainda é válido cantar “porque o instante existe”, e acreditar, afinal “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”, mesmo sabendo que em certas fases de nossa vida “tinha uma pedra no meio do caminho.”

E se tudo der errado, se suas escolhas não forem as melhores, se você se sentir sozinho e se lhe perguntarem: E agora, José? José, pra onde?

Não se desespere. “Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário Recomeçar”

“Se pensarmos pequeno coisas pequenas teremos... Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida.”

E que cada momento vivido por você “seja infinito enquanto dure”, porque “a vida é breve”, e embora haja “muitas razões para duvidar e uma só para crer”: em sua eterna capacidade de ser feliz!     

LSA

Poemas falam muito ao meu coração e deixo aqui o meu preferido poeta: Drummond, como símbolo desse dia, seguido de alguns dos poemas de que mais gosto!

As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Inconfesso Desejo


Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

Ausência


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Poema que aconteceu


Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.


A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Lagoa 

Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito.
Não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.

Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
e calma também.

Na chuva de cores
da tarde que explode,
a lagoa brilha.
A lagoa se pinta
de todas as cores.
Eu não vi o mar.
Eu vi a lagoa...

Sou apaixonada por muitos poemas e selecionaria infinitos. Tenho uma coletânea de Drummond na voz de Belchior que é uma preciosidade! Mas, como sei, poemas são para poucos...