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sábado, 5 de fevereiro de 2011

A distância entre nós

Terminei o livro "A Distância entre Nós" de Thrity Umrigar, como todos os outros que se passam na Índia são muito sofridos, mostram uma realidade difícil.
Como disse um amigo meu, sem saber nada da história, pelo título já dá vontade de chorar. E é exatamente isso: a distância entre nós é o melhor título dessa obra que não só retrata a distância entre a patroa e a empregada, como entre ricos e pobres, entre mãe e filha, vó e neta, entre esposa e marido. Todos que aparecem na história são distantes de alguém por algum motivo e o mais triste é que essa distância perdura até o final e todos pagam o preço por isso no silêncio de suas vidas.

                                                 
A personagem central é Bhima, a empregada, cuja vida foi marcada por inúmeros obstáculos e, por mais que tudo a faça desistir, ela permanece com esperança, mesmo quando é humilhada seja por sua ignorância ou por sua honestidade.
Ao terminar de ler o livro, temos vontade de correr ao encontro de Bhima e dar uma segunda chance, mostrar o quanto acreditamos em suas palavras e o quanto ela merece ter uma vida digna. Queremos colocá-la no colo e dar ao menos um dia de paz.

Acredito que todas as pessoas têm alguém distante por algum motivo, seja um pai, um marido, uma filha, um amor, um amigo, um avô... Independente de quem quer que seja que está distante de você e, embora essa distância mostre aparentemente que esse ser não mais existe, sempre haverá dentro de cada pessoa há um espaço vazio marcado. Com o tempo, cada um acaba pagando por esse distanciamento, seja em lágrimas de saudade, em lembranças do passado, em momentos que estarão perdidos, em um silêncio doloroso ou um grito silenciado.
Por isso, enquanto houver tempo, recupere a distância, porque em algum momento da vida, essa ausência pode ser irrecuperável, e então ficará o arrependimento, que deve ser a pior sensação.

Devo dizer que o livro é surpreendente e nos mostra que a verdade às vezes está diante de nossos olhos e que certas coisas não mudam nunca. E, acima de tudo, que vale a pena ser honesto, ter caráter, ter palavra e recomeçar uma vida em paz.

Deixo aqui algumas frases destacadas:

"O que não pode ser curado tem que ser aturado."

"Talvez o tempo não cure as feridas de jeito nenhum, talvez essa seja a maior mentira de todas. Em vez disso, o que acontece é que cada ferida penetra mais e mais fundo no corpo até que um dia você descobre que a própria geografia dos seus ossos sucumbiu sob o peso das mágoas."

"Mas, se isso é verdade, talvez o corpo também se lembre de cada gesto de bondade, de cada beijo, de cada ato de compaixão. Certamente essa é nossa salvação, nossa única esperança, a de que a alegria e o amor estejam também entremeados no tecido do corpo, no vigor de cada músculo, no cerne de cada célula pulsante."

"Adoro o som grave do violoncelo. de algum modo ele soa quase como a vida: triste, suave, perdida, solitária. Acho que, se o coração pudesse cantar, seria como um violoncelo."

"Não vivemos apenas para nós mesmos. A maior parte do tempo, vivemos para os outros, pondo um pé na frente do outro, de modo que o andar se torna um hábito, como respirar.

"Amanhã. A palavra flutua no ar por um momento, ao mesmo tempo promessa e ameaça. Depois vai embora como um barquinho de papel levado pela água (...)"

2 comentários:

  1. Caramba... me deixou louca de vontade de ler !!!

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  2. "....E, acima de tudo, que vale a pena ser honesto, ter caráter, ter palavra e recomeçar uma vida em paz." Acho que foi exatamente o que faltou destacar ao final, quase passando uma imagem de que toda luta não valeu a pena!

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