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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Aos professsores...

A data me pede uma homenagem, a essa escolha tão bem feita e tão pouco reconhecida: professores! O dia pede uma homenagem a mim mesma, à minha mãe, aos meus colegas de trabalho, aos meus conhecidos, àqueles que comigo se formaram, compartilharam, aos meus professores da infância e juventude, àqueles que me serviram de modelo e inspiração e a tantos outros anônimos por esse Brasil.
Vou mesclar o texto com pedaços da minha história, como homenagem a mim mesma, afinal, eu reconheço: eu mereço! hahahaha


Professores queridos, dia 15 de outubro é marcado no calendário como nosso dia consagrado, mas todos sabemos que nossos são todos. Não só os dias em que temos aulas, como também os finais de semana em que preparamos as atividades, nas noites que passamos corrigindo provas, exercícios, todas as vezes que nosso despertador nos chama para nossa missão: é hora de semear.


Sim, somos muito parecidos com aqueles que cultivam a terra, pois somos todos semeadores, plantamos as mais variadas sementes dentro de nossos alunos e cultivamos durante todo o ano. Nosso trabalho é diário, é contínuo. Se temos motivação? Não, apenas nossa plantação é nossa motivação. Queremos ver algum broto, queremos ver algum sinal de progresso, de que cuidamos com devida atenção de cada semente.
Há algumas que florescem muito rápido. São sementes que nem precisam de muito cuidado, apenas necessitam de um pouco de água, um pouco de adubo, pois, elas próprias se desenvolvem.
Há outras que custam a dar um broto, e outras que nos fazem pensar que fracassamos como semeadores.


A verdade é que todos querem colocar a culpa nos semeadores sempre que houver alguma falha. Ou o semeador não olhou da semente, não jogou água, não adubou, não percebeu que faltavam mais nutrientes, ou seja, a culpa é toda depositada no semeador. Pobre professor, que muitas vezes calado aceita as críticas, aceita as acusações.
No entanto, olhe para aquelas árvores, as raízes fortes, as folhas verdes e vivas. Para aquelas que cresceram ninguém vem nos agradecer pelo nosso trabalho, parece apenas obrigação. Isso me faz pensar como alguns pais tratam seus filhos em relação ao desempenho em algumas disciplinas. Se o garoto vai mal, desce a lenha, dá castigo, bate, grita; mas se ele alcança não fez mais que obrigação. A verdade é que faltam estímulos de todos os lados e ângulos.


Quando estava no terceiro colegial, assisti a uma palestra de um jornalista que dizia que a tarefa não era fácil: exigia busca por matérias, sem ter hora, sem ter dia, e, além disso você poderia odiar futebol e seu trabalho ser exatamente esse: uma coluna sobre esportes.
Saí da palestra exausta, mas com uma certeza: jornalismo não era o caminho que eu gostaria de seguir.
Hoje, repensando, cheguei a conclusão de que o palestrante não foi a melhor pessoa para falar, porque não tinha amor pela sua profissão, aquele peso que me transmitiu era o que carregava consigo.
Então penso: e se me pedissem para dar uma palestra. O que eu diria?!?
A primeira coisa: você não escolhe ser professor, você nasce professor. Assim como acredito que não há pessoas que querem se tornar médicos, mas que os são desde o princípio. As pessoas vêm com uma missão, e como diz minha mãe: esta é a minha.


Ser professor exige de você uma busca contínua por novas atividades, novas abordagens, novos métodos, novas concepções, o que não é um peso, mas uma alegria pela transformação. De nada adianta você dominar todo o conteúdo se você está diante de uma sala que não reage. O professor tem que lidar com as inúmeras situações adversas que vem desde o aluno que não vai com sua cara, com o outro que o desafia, com um que acha que você não sabe, com outro que quer badernar sua aula e até com aquele que julga saber tudo. Isso no âmbito da sala de aula, sem contar em todos os problemas do sistema. Por isso, professores, nascemos guerreiros, preparados, e fortes para suportar a tudo e ainda assim acreditar.
Fazemos milagres? Não. Fazemos parte desse milagre.

Professores são pessoas expostas, e para isso é preciso ter o que contar, é preciso um coração aberto, um ouvido disposto a escutar as mais variadas histórias de pessoas que às vezes só têm a nós para contar, para receber uma atenção. Ser professor é olhar nos olhos dos alunos e compreender o cansaço, o desânimo, a dúvida, a curiosidade e até a agitação.
Para ser professor é preciso sorrir, para acrescentar alguma alegria na vida daquelas pessoas, é transformar sua aula em lição de vida e os momentos com os alunos em instantes marcantes.




E por fim, você não deve esperar muita recompensa salarial, mas a recompensa nesse campo é humana, vem da nossa plantação: nossos alunos sabem o quanto somos importantes, e é para eles que trabalhamos, estudamos e com eles aprendemos. Uma pena que não sejam eles que pagam nossos salários. Mas ai está um grande ponto: se cativarmos esses alunos, se trabalharmos efetivamente como semeadores, ficaremos marcados em suas raízes, e se uma dessas plantas já tornadas árvores for para o ramo da política, talvez se lembrem com o devido valor desses pobres professores que deram a vida para tantas vidas.
E para terminar a palestra, eu diria que ser professor é tarefa para uma encarnação. Na outra tudo será recompensado hahahahhaa. Ser professor também é ter humor.


Portanto, professores, temos um dia marcado provavelmente para que não se caia em profundo esquecimento. Como o dia do índio, que é quase uma coisa abstrata. Será que chegaremos um dia a esse patamar?!!?!?
Independente do destino de nossa profissão, fizemos a nossa parte, cumprimos com o nosso papel, e se entrarmos em extinção, fizemos parte dessa nobre história no âmbito educacional.

Parabéns pelo dia do professores a todos aqueles que têm essa missão.


Eu e minha mãe em nossa última encarnação como professoras!


Nós merecemos...

sábado, 9 de outubro de 2010

Um presente incomparável

Todos sabem que não posso nem ver assuntos ligados ao meio ambiente, não escondo isso de ninguém, nem dos meus alunos. Textos sobre a conscientização não transmitem nenhuma alegria, nem sequer conscientizam em minha opinião, porque repetem as mesmas informações que todos estamos cansados de ouvir: devemos preservar, cuidar, reciclar, separar os lixos, evitar desperdício e não gastar água... Quer coisa mais chata?



Por outro lado, o Rubem Alves fala sobre árvores de um modo poético, e a natureza passa a ser amada por meio de suas palavras.
A ideia que me fascina é que ele fez um cemitério para seus amigos. Para cada amigo que morresse, ele plantaria uma árvore. Depois, pensou que não precisaria que eles estivessem mortos, e que poderiam escolher que árvores gostariam de ser e plantá-los ainda quando estivessem vivos. Que imagem mais linda, plantar um amigo e se sentar com ele, se houver tempo, na sombra dessa árvore.
Não, não pretendo fazer um cemitério para meus amigos, mas que coisa mais linda plantar um amor. Tê-lo sempre no mesmo lugar, firme, robusto, perfeito.
Um casal que se ama deveria arrumar um canto para planar uma árvore. Ver o amor crescer, brotar, florescer. Não seria perfeito andar pelas flores e folhas caídas?! Que sensação de eternidade viver um amor na sombra de uma árvore.


Uma árvore é símbolo de fidelidade, porque estará sempre a sua espera, convidando-o para relembrar o passado, para ver o presente em forma de flor. E se não houver tempo, se as ocupações e a rotina diária impedirem, que as folhas cubram o chão e o façam olhar para cima novamente e sonhar, e agradecer a Deus por aquela história semeada, por aquele amor plantado.
Mas, se por ventura, este amor tiver ido embora, a árvore ficará como herança, adoçando a memória com seu perfume, fazendo-o pensar que, independente de qualquer coisa, valeu a pena.

Engraçado, quando penso em ser uma árvore, penso também no meu avô. Quando a Bilia estava em sua fase final, internada, eu sabia que meu avô estava ali perto, esperando-a. E na minha cabeça, ele estava sentado embaixo de uma árvore com seu chapéu de palha esperando. E a cena, para mim, não era triste, mas era feliz. Quanto tempo ele não esperava por esse reencontro.



Pensei que gostaria de ser um ipê rosa ou talvez amarelo.
Se me plantarem, queria ser um ipê rosa. Acho uma árvore feliz, calma, encantadora. E se assim fizerem, coloquem-me perto de um lago para que na espera de alguém para sentar na minha sombra, eu possa ter a companhia do bom e velho Tato.


Pensando bem, já adotei uma vez uma árvore que ainda era pequena, queria ver até onde seguia minha história. Mexendo em minhas fotos encontrei uma Luciana em meio à natureza. Interessante. Não sei o que foi feita dessa árvore, e nem sei falar ao certo dessa história....
Mas uma coisa é encontrar uma árvore e adotá-la, fazer dela um capítulo da nossa vida, e outra é plantar, fazer dela nosso coração, nossa alma, nossos sonhos, nossa sombra, nosso futuro.
Alguém que quer ver uma árvore crescer ao seu lado é alguém que está mesmo disposto a seguir qualquer que seja o caminho com vc.



Um casal que se ama deveria plantar seu amor. Quer prova mais linda? Um presente incomparável... Assim é possível falar em meio ambiente, em preservação, porque a árvore passa a ser parte da nossa vida e é dispensada qualquer forma de conscientização, porque ninguém gostaria de ver sua história derrubada, destruída, não é mesmo?!

sábado, 2 de outubro de 2010

Dança Comigo?

Dança comigo é um filme maravilhoso com Richard Gere e Jennifer Lopes e, devido às inúmeras vezes que assisti, fui incentivada a deixar aqui meus pensamentos.



Primeiramente, sou uma apaixonada pela dança, ver um casal dançando bem me faz pensar que sairam de uma caixinha de música para encantar o mundo. Nunca tive um homem assim, por isso, meu primeiro desejo e tristeza ao ver o filme é pensar que John Clark não existe e não faz parte do meu mundo.
Um homem bonito, charmoso decide mudar sua vida, sua rotina. Quebrando qualquer preconceito, ele procura uma academia e se entrega completamente ao prazer da dança.
Elegante, animado, engraçado, desejo que ela saia da tela, apareça em minha vida e me tire para dançar...

Por outro lado, sua mulher, me deixa triste, pela beleza tão econômica. Gosto do pedaço em que ela diz que queria que ele escolhesse um presente que pudesse vir em uma caixa. Isso mostra a falta de criatividade do relacionamento já desgastado. Triste é ter um mundo, conhecer o marido com o qual foi casada por anos e ter esgotado todas as possibilidades do que pode deixá-lo feliz ou surpreso vindo em uma caixa.

É o fim do amor: a caixa está vazia e não há nada para preencher aquele espaço.

Desse modo, John, por conviver com o vazio em casa, encontra em Paulina o desejo e redescobre o amor, a sincronia, o ritmo, os desafios que o fazem sonhar novamente. E nossa torcida fica para esse novo casal, que a cada cena se entrega, que a cada passo nos encanta e nos comove.



Jonh dança e temos vontade de aplaudi-lo em pé, vendo seu progresso. Torcemos para que vença todos os obstáculos, para que brilhe na pista e se realize com a dançarina.

Mas, para nossa frustração, ele ouve a voz da filha e se perde nos passos, o que nos mostra que os laços familiares quebram qualquer equilíbrio que possa haver, é um descompasso, é a quebra do ritmo, é a lembrança de que ele não pode viver aquele amor, aquela loucura com uma mulher que talvez nunca questionasse o que poderia colocar em uma caixa.
Linda, Paulina nos mostra a figura de um novo amor, o recomeço e os sonhos.



Por fim, chega o dia da despedida de Paulina, é o novo amor, já cansado de esperar, dá um ultimato, escreve, grita, chama, procura e não encontra.
John, indeciso, em casa, decidido a não se entregar a essa dança, que nada mais é que o novo amor que o convida, encontra uma caixa. Sua esposa tinha encontrado o presente que ele gostaria. São os sapatos para que ele dance, ou seja, é o caminho para o novo amor.

Nesse momento, temos a certeza de que ele irá correndo para os braços de Paulina. Ele deve até ter pensado, mas vai buscar sua esposa.
Chegando ao trabalho dela, perfeito em seus trajes, temos vontade de que Paulina esteja do outro lado, ou sonhamos com o dia em que este virá nos tirar do nosso mundo. Mas é o antigo amor, o amor já desgastado que ele vai resgatar.



John leva sua esposa para a despedida de Paulina, que marca o adeus ao novo amor. Eles dançam mais uma vez, felizes, porque é isso que o novo amor promete: uma felicidade eterna nos efêmeros momentos em que se encontram.
E o novo amor, lindo, parte. E o antigo amor permanece.




Jonh não se mostrou corajoso, mas fiel às suas promessas. O que se pode dizer é que foram fiés para sempre e não felizes para sempre, como os finais de contos de fada. Isso porque o filme nos mostra a realidade e não a realização dos nossos sonhos.
Por isso, gostaria que o filme terminasse com a dança entre John e Paulina, que representa o amor que todos gostariam de ter realizado um dia.



Dança comigo é um filme triste, porque Jonh não existe, e, embora viva momentos com o novo amor, ele não acontece.
Dança comigo é um convite a uma reflexão sobre o amor, o casamento, e, por mais que seja o final indesejado, fechamos os olhos e ainda sonhamos esperando aquele alguém especial, que chegue até nosso coração com uma flor na mão dizendo: Dança comigo?